Índice Integrado de Seca (IIS) do projeto vulnerabilidade hídrica do setor agropecuário em Santa Catarina

No Brasil, os termos seca e estiagem se confundem, visto que correspondem a eventos climáticos de intensidades diferentes. As estiagens resultam da ausência de chuvas, previstas para uma determinada temporada, ou da redução na sua quantidade, ou mesmo do atraso em sua chegada. Em geral, quando falamos em estiagem, queremos dizer que houve uma queda no volume de chuvas, para níveis sensivelmente inferiores aos da normal climatológica, comprometendo necessariamente as reservas de água locais, além de causar prejuízos à agricultura e à pecuária. Entretanto a seca seria uma estiagem com maior intensidade, onde temos períodos contínuos de ausência de precipitação ou mesmo volume que seriam bem menores que afetam todas as atividades econômicas, sociais e ambientais de um determinada região.

No caso da região sul do Brasil, mas especificamente em Santa Catarina, alguns estudos analisaram as secas no contexto meteorológico, indicando maior ocorrência de períodos secos, principalmente associada ao fenômeno oceânico-atmosférico La Niña, durante os anos de 1989, 1999, 2008, 2009, 2011, 2012, 2019, 2020, 2021 e 2022.

Segundo o Atlas Nacional de Desastres Naturais de 2000 até 2022 tivemos um prejuízo com agricultura na ordem de R$ 15.708.974;598 e na pecuária de R$ 2.099.845.267,00, totalizando R$ 17.808.819.865,00. Comparando este valores do setor agropecuário em relação ao total de prejuízos nos demais setores representa 97,70%. Portanto os prejuízos da estiagem são mais representativos no setor agropecuário comparados nos demais setores da economia catarinense (Tabela 01).

Tabela 01 – Prejuízos decorrente à estiagem dos diversos setores econômicos de Santa Catarina durante o período de 2000 a 2022.
Ano Prejuízos na agricultura Prejuízos na pecuária Prejuízos na indústria Prejuízos nos serviços privados Prejuízos nos serviços públicos Total de Prejuízos

Fonte: BRASIL. Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Secretaria de Proteção e Defesa Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil. Atlas Digital de Desastres no Brasil. Brasília: MIDR, 2023.

Diante do fato que possivelmente estaremos um processo de La Ninã no 2 º semestre de 2024, foi desenvolvido um sistema para auxiliar o monitoramento da estiagem em Santa Catarina. Este produto faz parte de um projeto de pesquisa maior, que está estudando a Vulnerabilidade Hídrica em Santa Catarina, mais especificamente no Oeste Catarinense.

Segundo o pesquisador de hidrologia da Epagri/Ciram Guilherme Miranda, “este é o primeiro produto da pesquisa em curso, realizar uma avaliação sobre a vulnerabilidade hídrica do setor agropecuário em Santa Catarina frente as variações climatológicas que iremos enfrentar diante das mudanças climáticas, principalmente na região do extremo oeste ao meio oeste catarinense.”

Atualmente, utilizamos informações mensais do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), com o objetivo de disponibilizar os dados público deste monitoramento do centro nacional, através de uma ferramenta de fácil navegação para auxiliar os gestores do setor agropecuário e a sociedade catarinense na tomada das decisões em relação a estiagem no Estado de Santa Catarina.

De acordo com Miranda, haverá outros indicadores hídricos que estão sendo estudados, como o índice de padronizado de vazões (SSFI), o índice de criticidade hídrica e o índice de atendimento hídrico. Todos estes indicadores e outras informações hídricas faram parte de uma modelagem para verificar a vulnerabilidade hídrica em Santa Catarina.

Conforme a Analista de Sistema da Epagri/Ciram, Joelma Miszinski, que desenvolveu esta ferramenta de análise, o Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o índice de Saúde da Vegetação (VHI) calculado pelo CEMADEN para cada município catarinense. Com isto podemos classificar entre condição normal, seca fraca, seca moderada, seca severa, seca extrema e seca excepcional.

Maiores informações acesse o sistema através do seguinte Link:
https://ciram.epagri.sc.gov.br/iis-sc/

Contato:
Guilherme Xavier de Miranda Junior
E-mail: gmiranda@epagri.sc.gov.br
Ou
Joelma Miszinski
E-mail: joelma@epagri.sc.gov.br