Para Neutralidade ou La Niña, veja os reflexos em SC 

Niña, Neutralidade, Niño? Sabemos o quanto estes fenômenos associados a anomalias de TSM (temperatura na superfície do mar) no Pacífico Equatorial influenciam o clima em Santa Catarina. Além deles, também podemos falar de situações transitórias, em que um resfriamento (ou quase La Niña) ou aquecimento (quase El Niño) pode ser significativo o suficiente para influenciar as chuvas no estado.

Desde o final do El Niño, em maio de 2024, a TSM vem apresentando valores de anomalia trimestral inferiores a 0,5°C, ou seja, passando para uma condição de Neutralidade climática. No trimestre julho-agosto-setembro de 2024, a anomalia da TSM chegou a -0,1°C e criou-se uma grande expectativa para uma possível configuração de La Niña, quando os trimestres seguintes continuaram negativos, chegando a valores próximos ou abaixo de -0,5°C. 

As anomalias negativas de TSM, observadas de novembro/2024 a fevereiro/2025 (de -0,5°C NDJ e de -0,6°C DJF), assim como a convecção mais intensa sobre a Indonésia, no oeste do Pacífico, e a intensificação dos ventos Alísios, deram ao período uma condição atmosférica próxima a uma La Niña, porém o Índice Oceânico Niño (ONI) estabelece que tal condição deve ser observada por cinco trimestres consecutivos, o que não se configurou. Ou seja, uma La Niña, com todas as características bem definidas, não aconteceu.

Assim como no período de novembro/2024 a fevereiro/2025, novamente vem sendo observado o resfriamento da TSM, no Pacífico Equatorial, e mantendo-se uma condição de Neutralidade. Os modelos climáticos do CPC/NOAA (Climate Prediction Center/ National Oceanic and Atmosferic Administration) atualizados em agosto indicaram a continuidade do resfriamento da TSM, com chance de um breve período para condições de La Niña, de fraca intensidade e curta duração, em especial de outubro/2024 a janeiro/2025.

Em SC, os reflexos de uma Neutralidade com resfriamento, ou até condições de uma La Niña fraca em curto período, no final da primavera e no começo do verão, se refletem principalmente na temperatura, que deve ficar agradável nestes meses.  Ou seja, não são esperados dias consecutivos de calor intenso, com aquelas máximas que lembram desconfortáveis dias de verão em plena primavera. Mesmo assim, não faltarão as tardes quentes, com máximas acima de 32°C, mas ocorrendo em poucos dias consecutivos, em especial em condições que antecedem a passagem de frentes frias (em geral uma por semana). Já a chuva tende a ocorrer de forma mais espaçada e com totais pouco significativos, em especial no oeste catarinense, a região do estado comprovadamente mais afetada por estes fenômenos, conforme diversos estudos científicos. Ressalta-se no entanto que, sendo curta a duração do período cujas condições de TSM possam configurar-se como La Niña, o fenômeno não deve impactar o clima da estação em SC.

Destaque: na primavera são comuns os temporais com granizo e ventania, e por vezes acumulados significativos de chuva em curto espaço de tempo. Essa condição deve ocorrer com maior frequência do Planalto ao Litoral nos próximos meses, mas não pode ser descartada nas demais regiões. Na primavera e começo do verão, massas de ar frio ainda podem chegar ao estado, com queda acentuada na temperatura na madrugada e amanhecer, com formação de geada nas áreas altas do Meio-Oeste, Planalto Norte e, principalmente, no Planalto Sul. Link Previsão Primavera.

Contato:

Marilene de Lima e Laura Rodrigues – Meteorologistas Epagri/Ciram

Epagri/Ciram/Florianópolis

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Figura 1 – Convecção e circulação do ar sobre o Pacífico Equatorial em períodos de dezembro a fevereiro, em anos de Neutralidade e de La Niña. Fonte: CPC/NCEP/NOAA – Climatic Prediction Center National Oceanic and Atmospheric Administration.

Figura 2 – Efeitos globais do fenômeno La Niña nos meses de dezembro a fevereiro. Fonte: CPTEC/INPE – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.