El Niño

2023/2024

Confira a previsão climática (atualizada mensalmente) no link.

Atualização do texto: 21/09/2023

O que é o fenômeno El Niño?

O El Niño e a La Niña são fases de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial (e na atmosfera adjacente), denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS). O ENOS refere-se às situações nas quais a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou mais fria (La Niña) em relação à média histórica. Veja a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) (link).

Como se caracteriza o ENOS?

A caracterização é feita por meio do cálculo de alguns índices, como o Índice Oceânico Niño (Oceanic Niño Index – ONI), definido pela média móvel trimestral da anomalia de temperatura da superfície do mar (ATSM), para a região do Niño 3.4, por no mínimo cinco meses consecutivos, sendo uma anomalia maior que 0,5°C associada a El Niño e inferior a -0,5°C associada a La Niña. Temos também o Índice de Oscilação Sul (Southern Oscillation Index – SOI), que representa a diferença na pressão média do ar ao nível do mar, medida no Taiti e Darwin, Austrália, que pode indicar o status do acoplamento entre o Oceano Pacífico e a Atmosfera.

Referindo-se ao padrão atmosférico médio sobre o Pacifico Equatorial, há indicativo de uma circulação de Walker mais fraca, com ventos alísios mais fracos no Pacífico ocidental e mais nuvens e chuva no Pacífico equatorial. A convecção sobre a Indonésia também foi reduzida, outra característica da circulação mais fraca de Walker. A circulação média de Walker (ver Figura) é caracterizada pela subida do ar e tempestades (convecção) sobre as águas muito quentes do extremo oeste do Pacífico, ventos de oeste para leste no alto da atmosfera, movimento descendente sobre as águas relativamente mais frias do Pacífico oriental e os ventos alísios de leste para oeste. Esses fortes ventos de superfície ajudam a manter a água quente acumulada no Pacífico ocidental.

Resumindo, o fenômeno El Niño está configurado quando aumenta a Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial Leste e enfraquece os ventos alísios, ou seja, o acoplamento entre o Oceano Pacífico e a Atmosfera.   

Que tipo de impacto o El Niño provoca em SC e em todo Sul do Brasil?

A variação de temperatura do oceano Pacífico Equatorial acarreta efeitos globais na temperatura e precipitação do mundo. Normalmente, não é regra, a chuva aumenta no Sul do Brasil, com valores acima da média climatológica em toda ou parte da região, especialmente na primavera e verão. As frentes frias, sistemas transientes, podem ficar semi-estacionadas por vários dias sobre a Região, mantendo a condição de tempo instável e a chuva. O Jato Subtropical (ventos fortes em altitude) também fica mais intenso sobre o Sul do Brasil. Em relação à temperatura, a previsão é de aumento no Sul do Brasil, com massas de ar frio menos frequentes e duradouras no inverno.

Quer dizer que chuva abundante, enchentes e deslizamentos só ocorrem em anos de El Niño?

NÃO. O fenômeno El Niño é de escala global, mas não é só ele que determina as condições do tempo e do clima no Sul do Brasil. Para exemplificar, a enchente em novembro 2008 no Vale do Itajaí, com o maior número de mortos registrados, foi causada por chuva frequente desde o mês de setembro, situação que foi encharcando o solo e, na ocasião, o fenômeno La Niña que estava atuando. Enquanto chovia sem parar na faixa leste, no oeste do Estado a situação era de grave estiagem com problemas no abastecimento de água. Essa situação de mais chuva no Litoral e Vale do Itajaí, e falta nas demais regiões de SC, é bem típica durante a La Niña.

No passado, quais foram os anos com El Niño e sua intensidade?

El Niño e sua intensidade nos últimos 50 anos:

Ano

Intensidade

1969 – 1970

Fraca

1972 – 1973

Moderada

1976 – 1977

Fraca

1977 – 1978

Fraca

1982 – 1983

Forte

1986 – 1987

Moderada

1991 – 1992

Moderada

1993 – 1994

      Fraca

1997 – 1998

 Forte

2002 – 2003

           Fraca

2004 – 2005

      Fraca

2006 – 2007

 Fraca

2009 – 2010

Fraca a moderada

2014 – 2016

     Forte

2006 – 2007

Fraca

2018 – 2019

          Fraca

*2023 – 2024

Moderada a forte

*Previsão

Fonte: NOAA 

Mais informações e entrevistas:

Laura Rodrigues e Gilsânia Cruz, meteorologistas Epagri/Ciram, fone (48) 3665-5007/5008 

Informações para a imprensa:

Isabela Schwengber, jornalista

Fones: (48) 3665-5407 / 99167-3902 

Material para impressão, elaborado pela Epagri, em parceria CIRAM, CEPA e Extensão.

Leia o documento aqui.

Atualização do texto: 18/07/2023         

Culturas de inverno

Para as culturas de inverno, como alho e cebola – culturas em sua maioria irrigadas – o excesso de chuvas pode ocasionar problemas fitossanitários, resultando em aumento nos custos de produção pelo aumento no número de pulverizações com fungicidas, bem como problemas com erosão do solo decorrentes de enxurradas, que para regiões de maior declividade, podem trazer prejuízos econômicos significativos aos produtores.

Para os cereais de inverno, com destaque para a cultura do trigo, a preocupação de técnicos e produtores é com a previsão de excesso de chuvas para os meses de outubro/novembro, período que coincide com as fases de maturação e colheita da cultura. Caso essas previsões se confirmem, Santa Catarina pode ter perdas em produtividade pelo aumento da ocorrência de doenças fúngicas (Brusone e Giberela), que prejudicam diretamente a qualidade do grão de trigo, reduzindo o valor comercial do produto colhido, com perdas normalmente irreversíveis.

Os produtores que não realizam plantio direto sobre a palha poderão ter problemas com erosão a partir do escorrimento das camadas superficiais do solo, causando prejuízos econômicos.  Da mesma forma, temporais com ventos fortes poderão ocorrer, causando prejuízos em pomares e benfeitorias.

Culturas de verão

Segundo o analista de socioeconomia e planejamento agrícola da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, a condição de chuva entre próxima e acima da média climatológica esperada para as regiões catarinenses nos próximos meses pode favorecer o cultivo de milho e no desenvolvimento de pastagens nativas e cultivadas, se bem distribuídas ao longo da primavera. “Lembrando que nos últimos três anos tivemos períodos de estiagem prolongada, em especial no Extremo Oeste de Santa Catarina e na região do Vale do Rio Uruguai”, diz.

As regiões de Chapecó e São Miguel do Oeste concentram cerca de 50% da área cultivada de milho para fins de silagem. “Nessas regiões o zoneamento agroecológico estabelece o cultivo favorável a partir de agosto e setembro. É importante salientar que o milho silagem é a base da alimentação para produção leiteira”, frisa o analista.

Ele afirma que o milho é uma cultura que demanda muita água, mas também é uma das mais eficientes no uso desse recurso. “Uma variedade de ciclo médio cultivado para a produção de grãos secos consome de 500 a 700 mm de água em seu ciclo completo, dependendo das condições climáticas. O período de máxima exigência é na fase do embonecamento ou um pouco depois dele, por isso déficits de água que ocorrem nesse período são os que provocam maiores reduções de produtividade. Déficit anterior ao embonecamento reduz a produtividade em 20 a 30%; no embonecamento em 40 a 50% e após em 10 a 20%”, explica Haroldo, reforçando que a extensão do período de déficit hídrico também é importante, pois foi o que afetou de maneira importante a produção em 2021 e 2022 no Estado.

O período preferencial de cultivo da soja se inicia em outubro. Essa espécie é mais resistente a períodos curtos de estiagem. “Caso ocorra excesso de chuvas durante o ciclo de desenvolvimento, poderá ocorrer doenças fúngicas em maior intensidade e elevar os custos de produção em virtude da aplicação de fungicidas e outros agroquímicos”, explica o analista.

Mais informações e entrevistas:

Haroldo Tavares Elias, analista de socioeconomia e planejamento agrícola da Epagri/Cepa, fone (48) 3665-5074

Informações para a imprensa:

Isabela Schwengber, jornalista

Fones: (48) 3665-5407 / 99167-3902 

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